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Grande cerveja britânica sob ameaça: o impacto das mudanças climáticas

Quem ama a clássica cerveja britânica pode ter motivos para se preocupar. Mas não é por causa de concorrência ou mudanças no gosto do consumidor – o problema é mais profundo e vem direto da natureza.

As mudanças climáticas estão ameaçando a produção do lúpulo, um dos ingredientes essenciais para a cerveja, e isso pode colocar em risco uma tradição tão amada pelos britânicos. Mas calma, cientistas e produtores já estão correndo atrás de soluções.

O lúpulo em risco

O lúpulo, aquele ingrediente que confere o amargor característico à cerveja, está sofrendo com verões mais quentes e secos. Mas por que isso é um problema? Basicamente, essas condições climáticas impactam diretamente a produção da planta, que tem caído significativamente nas últimas décadas. Estudos mostram que, em algumas regiões-chave da Europa, houve uma queda de até 20% na colheita de lúpulo.

Para Eddie Gadd, mestre cervejeiro da Ramsgate Brewery, a situação é alarmante. “Eu compro a maioria dos meus lúpulos aqui em Kent, e nos últimos 10 ou 12 anos as colheitas têm sido uma verdadeira montanha-russa”, diz ele. Mas a esperança está em avanços científicos que podem trazer soluções.

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A busca por lúpulos mais resilientes para a cerveja

No coração dessa luta estão cientistas como a Dra. Helen Cockerton, da Universidade de Kent. Sua pesquisa busca identificar genes em variedades de lúpulo que sejam mais resistentes à seca e a outras condições adversas. Mas não é só isso: ela também está explorando genes que possam intensificar sabores e aromas, atendendo às demandas crescentes dos consumidores por cervejas mais encorpadas e marcantes.

“Os cervejeiros querem sabores intensos, mas os produtores precisam de plantas que resistam às dificuldades climáticas”, explica a Dra. Cockerton. A ideia é unir o melhor dos dois mundos, criando lúpulos que sejam produtivos no campo e ainda ofereçam perfis sensoriais diferenciados na taça.

Colaboração com a indústria de cerveja

A pesquisa da Dra. Cockerton não está sozinha. Ela trabalha em conjunto com a Dra. Klara Hajdu, uma criadora de lúpulos da Wye Hops. Usando os dados genéticos obtidos, a Dra. Hajdu está desenvolvendo novas variedades de lúpulo que serão testadas em campo. E quem vai avaliar o resultado final? Os cervejeiros, claro. Eddie Gadd, por exemplo, será um dos primeiros a experimentar as cervejas produzidas com os novos lúpulos experimentais.

“Há dez anos, eu era cético sobre a possibilidade de obter sabores intensos em nosso clima. Mas agora, eu vejo que é possível”, afirma Gadd, trazendo um sopro de esperança.

Um futuro mais seguro para a cerveja britânica

O projeto faz parte de uma iniciativa maior financiada pelo Department for Environment, Food and Rural Affairs (Defra), que busca proteger a produção de alimentos e bebidas no Reino Unido contra os efeitos das mudanças climáticas. O Ministro da Agricultura, Mark Spencer, destacou a importância dessas iniciativas, afirmando que elas colocam a inovação no centro das práticas agrícolas modernas.

Mas, apesar do otimismo, os desafios são grandes. O tempo está contra os produtores, e a pressão por resultados rápidos é alta. Ainda assim, os avanços na pesquisa genética e a colaboração entre cientistas e cervejeiros apontam para um futuro mais resiliente.

Então, da próxima vez que você levantar um copo de cerveja britânica, lembre-se: por trás daquele sabor clássico está uma história de luta contra as adversidades climáticas. E, mais importante, uma corrente de esperança que une tradição e inovação para manter viva uma paixão nacional.

Fonte: BBC.

Rodrigo Peronti

Rodrigo Peronti

Jornalista desde 2012, especializado em Comunicação e Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do Brasil e se dedica ao estudo e divulgação do lúpulo no Brasil.

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