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Lúpulo residual do dry hopping: uma nova fronteira para a sustentabilidade nas cervejarias

Você sabia que o lúpulo, um dos grandes protagonistas no universo cervejeiro, pode ter uma segunda vida mesmo depois de passar pelo processo de dry hopping? Pois é, parece que o que antes era considerado apenas resíduo pode, na verdade, esconder um grande potencial. Mas o que significa isso na prática para as cervejarias? Vamos entender melhor.

O Dry Hopping e Seus Resíduos nas Cervejarias

Para começar, o dry hopping é aquela técnica especial de adicionar lúpulo à cerveja durante a fase de maturação. O objetivo? Potencializar os aromas e sabores que fazem brilhar estilos como as APAs e IPAs, tão queridas pelos amantes de cerveja. Mas existe um detalhe: após essa etapa, o lúpulo utilizado é descartado. E é aí que mora o problema – ou, talvez, a solução.

Estudos recentes mostram que o lúpulo residual ainda carrega compostos valiosos, como óleos essenciais, resinas e polifenóis. Em outras palavras, mesmo depois de “emprestar” sua magia para a cerveja, ele não está completamente esgotado. Mas o que isso quer dizer? Que esses resíduos podem ser reaproveitados em outros contextos, como na produção de cervejas menos lupuladas. Uma solução inteligente, não?

Sustentabilidade em Foco

O reaproveitamento do lúpulo residual não é só uma questão de economia, mas também de sustentabilidade. Pense comigo: com a crescente demanda por estilos super lupulados, as cervejarias usam quantidades cada vez maiores de lúpulo. Segundo alguns relatos, são utilizados até 22 kg de lúpulo para cada 1.000 litros de cerveja em técnicas de dry hopping. O resultado? Uma grande quantidade de resíduos, que poderiam acabar no lixo ou em composteiras, mas que agora ganham nova perspectiva.

A ideia de reutilizar esses resíduos vai ao encontro de práticas de economia circular, promovendo um ciclo mais sustentável na indústria cervejeira. Isso também contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o ODS 12, que incentiva padrões sustentáveis de produção e consumo, e o ODS 9, que foca em industrialização inclusiva e inovadora. Legal, não?

Estudos Que Comprovam o Potencial para as Cervejarias

Uma pesquisa recente, liderada por Alfeo V. e colaboradores em 2023, comparou o lúpulo fresco ao lúpulo residual e descobriu que este ainda apresenta boas quantidades de compostos químicos relevantes. Esses elementos não apenas permitem o reaproveitamento na produção de cervejas, mas também oferecem novas possibilidades na exploração de produtos paralelos, como cosméticos ou alimentos funcionais. Parece um mundo de oportunidades, mas ainda há desafios.

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Desafios e Oportunidades

Embora a ideia seja promissora, ela não é tão simples quanto parece. Primeiro, é necessário avaliar a viabilidade econômica. O transporte e armazenamento do lúpulo residual precisam ser otimizados para garantir a manutenção de suas propriedades. Além disso, como a Instrução Normativa Nº 65 de 2019 do MAPA define padrões rigorosos para a produção de cervejas no Brasil, qualquer inovação deve estar em conformidade com essas regras.

Por outro lado, há uma chance de reduzir custos de produção. Imagine uma cervejaria que possa reaproveitar parte do lúpulo utilizado em lotes futuros. Isso não só diminui os gastos, mas também reduz a dependência da importação de lúpulo, um dos grandes desafios do mercado brasileiro.

E o Futuro?

Se tudo der certo, a reutilização do lúpulo residual pode se tornar um padrão na indústria cervejeira. Afinal, quem não gosta da ideia de unir inovação, sustentabilidade e economia? Claro, ainda precisamos de mais estudos e investimentos para tornar essa prática viável em larga escala. Mas é inegável que as portas estão abertas para um futuro mais verde e eficiente.

Então, da próxima vez que você apreciar uma APA ou IPA, lembre-se: aquela explosão de aroma e sabor pode estar ajudando a pavimentar um caminho mais sustentável para a indústria cervejeira.

Fonte das informações: Food Connection.

Rodrigo Peronti

Rodrigo Peronti

Jornalista desde 2012, especializado em Comunicação e Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do Brasil e se dedica ao estudo e divulgação do lúpulo no Brasil.

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